Celina Celebrim - uma artesã de sucesso

O artesanato entrou na vida de Celina Celebrim há pouco tempo, e por obra do acaso. A moça, natural de Purilândia, segundo distrito, funcionária pública municipal, veio transferida para Porciúncula há cerca de 3 anos. Trabalhava na área da saúde, mas passou para a Secretaria de Cultura. Em contato com a Casa do Artesão e seus produtos, viu ali uma oportunidade de ampliar sua renda. Assim, há 2 anos, depois de participar de um curso na Casa do Artesão, começou a confeccionar embalagens. Daí, passou para peso de porta bordado. O negócio deu certo, começou a gerar renda e possibilitou a compra de uma máquina de costura: “paguei todinha com o dinheiro que recebia na Casa do Artesão. E vi, assim, aumentarem as minhas possibilidades de trabalho e de renda”, conta Celina.

A partir da máquina, começou a investir em panos de prato, em aplicações e a direcionar o olhar para todo tipo de artesanato e nas demais novidades, buscando oportunidades.
A família, vendo o resultado do esforço, aderiu ao projeto. O marido e a filha, de 13 anos, passaram a ajudar na produção. Gilberto da Conceição Nascimento, também funcionário público municipal, começou a se interessar por artesanato e passou a ajudar: “Ele também nunca tinha feito nenhum trabalho manual, mas vendo que o dinheiro estava entrando e eu estava ajudando a pagar as contas, se empolgou”. Hoje ela conta, com orgulho, o que já adquiriu com o dinheiro da renda extra: ”Comprei um guarda-roupa, um rack, armários de cozinha e material de construção para minha casa, e ainda ajudei a pagar pedreiro. Esse dinheiro é uma bênção!”


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Ela produz móbiles, pano de copa, peteca, almofada, embalagens, chaveiros e bolsas. Além disso, ela produz o que o cliente quer ou necessita: “Ela é uma artesã que não faz só o que gosta, ela trabalha de olho na necessidade do cliente, ela escuta o cliente e produz para agradá-lo. Por isto ela vende muito”, avalia Ivane Amado, funcionária da Casa do Artesão.
Dinheiro e aprendizado - Celina mostra que está atenta ao que acontece ao seu redor. Na Casa do Artesão, ela tem a humildade de enxergar outras oportunidades além da renda extra: “A Casa do Artesão não significa apenas fonte de renda pra mim; aqui é um local de aprendizado. Os clientes me ensinam, as pessoas mais velhas me ensinam, os outros artesãos me dão dicas e eu sigo, porque quero melhorar meu trabalho. Eu não aprendi a fazer artesanato em família, como acontece com muita gente. Então, aproveito tudo o que for para melhorar meus produtos, e sempre tive muito incentivo dos artesãos e funcionários da Casa do Artesão, como por exemplo, Dona Anna Cunha, Eponina Sanches, Ana Cláudia Coimbra, Jorgina, Ricardi di Paula e a funcionária Ivane Amado, a Vaninha, além de todo o apoio e incentivo que recebo da Secretaria de Cultura e da secretária Eloiza Morucci”.


O artesanato mudou radicalmente a vida de Celina: “Tenho que dizer que não foi só a minha vida que mudou. A minha família ta muito mais unida, graças ao artesanato. Agora, todo mundo chega junto, estamos mais unidos, aproveitando todo o tempo livre para cortar, pregar, bordar, costurar. E assim, conversamos, vemos televisão, ficamos juntos. Além disso, serviu de terapia para meu marido”. Atualmente, Celina comemora o título de Campeã de Vendas da Casa do Artesão de Porciúncula. O mês de junho rendeu à artesã R$600,00 líquido. Ela já faz planos para o uso do dinheiro extra que pintou este mês, graças às vendas na Casa do Artesão e na MercoNoroeste, em Itaperuna, onde teve um estande com os produtos artesanais de Porciúncula.


No momento, a família está unida em franca atividade, produzindo bastante para fazer bonito na Exposição Agropecuária, que acontece no município de 19 a 23 de agosto, em comemoração ao aniversário do município. A Casa do Artesão se faz presente com seus produtos no Centro de Comercialização, no Parque de Exposições.

Rosimere Ferreira
PMP/Cultura
Julho/2009

Anna Maria Coutinho Cunha

Quem conhece o jeito de moleca atrapalhada da professora Anna Maria Cunha não imagina sua habilidade para transformar em arte e graça tudo o que toca. Pintura, ela faz em tela, cerâmica e tecido. Reciclagem também, e ainda pátina, bordado, abrolhos, decoupage, craquelê e patchwork. Ah! E desde os 5 anos de idade já fazia vestidos de crochê para suas bonecas, deixando as amiguinhas boquiabertas.

Essa jovem senhora de 65 anos faz artesanato como terapia, porque acredita ser hiperativa. De fato, ela se atropela nas palavras, não para quieta um minuto e presta atenção a tudo o que acontece à volta. É ligadona! Talvez por isto consiga fazer de tudo um pouco - de delicadas flores pintadas a peças de sucata reciclada que se transformam de lixo em objeto de desejo ao passar por suas mãos.


Com alegria e entusiasmo contagiantes, dona Anna circula o dia todo entre seu ateliê e a Casa do Artesão de Porciúncula. Vários são os motivos; e lista-os conforme a ordem: “Somos vizinhas, amo artesanato, amo a Casa do Artesão e fui eleita recentemente presidente da Associação Casa do Artesão de Porciúncula. Não passo um dia da minha vida sem vir aqui!”

Mística, sabe o poder das mãos e das palavras, por isto não é de negativismos, e suas hábeis e habilidosas mãos estão sempre aprontando alguma coisa para alguém ou para seu próprio prazer, como parte de sua terapia. Suas mãos falam em várias linguagens e deixam a marca de uma mulher forte, que se inspira com tudo a sua volta. É versátil, não tem medo de transformar e de agregar o que o mundo oferece. Com bom gosto e extrema habilidade manual, solta sua imaginação para fazer arte.
Em seu ateliê encontram-se pedaços de sua vida e ainda cabe o que os familiares dispensam. O que foi descartado em outros tempos, serve para a artista em algum momento.
Técnica, amor, dedicação e uma pitada de piração (típico de todo artista!) – esta é a receita básica que dona Anna usa para transformar, reformar, criar e fazer qualquer material virar uma obra de arte.

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Cultura entrevista

Anna Maria Coutinho da Cunha - Presidente da Associação Casa do Artesão de Porciúncula

1. O que significa a Casa do Artesão para Porciúncula?

Esta casa significa o sustento de muita gente desta cidade. E eu tenho muito medo disso acabar devido ao pouco valor que as pessoas dão ao artesanato, infelizmente. Mas isto aqui significa 100% de renda para muitos dos cerca de 120 artesãos atuantes.

2. O que significa a Casa do Artesão para a senhora?

Aqui é a continuidade da minha vida, a minha sala de visita. Não sei de um dia desde que abriu, em 1998, em que não estive aqui. Conheço todos os produtos expostos aqui.

3. Quais as propostas de trabalho com os artesãos durante sua gestão?

Sei que é ilusão, mas gostaria de sacudir os artesãos, mostrar para eles o valor desta casa e a seriedade que é fazer artesanato. Tem gente que brinca de fazer artesanato. Mas outros querem, de verdade, ser artesão. Muitos não entendem que artesanato vende devagar, e desanimam. Então, os artesãos precisam entender que artesanato vende devagar mesmo. Casa do Artesão é diferente de mercado com produtos industrializados. Temos que competir com lojas de produtos de R$1,99 que oferecem presentes populares e baratos. E o artesão não pode desistir por não ter vendido muito, porque o nosso produto é diferenciado, vende devagar mesmo.

4. Quais as maiores dificuldades encontradas como presidente?

Realmente, é lidar com o artesão. Temos aqui cerca de 300 membros cadastrados e de 100 a 120 atuantes. É preciso colocar conscientizá-los que temos que despoluir a área da Casa, que não temos espaço para várias mercadorias do mesmo tipo, 50 tipos de pano, por exemplo. Se a gente pede a diminuição da produção, o artesão fica chateado, achando que estamos fazendo pouco caso de seus produtos, mas sou a maior incentivadora do artesanato municipal. É realmente difícil lidar com o artesão.

5. Como a Casa do Artesão contribui com a geração de renda no município?

A Casa do Artesão é um ponto de vendas sem gasto para o artesão. Ele só precisa produzir e isto é uma grande ajuda e uma facilidade. Aqui ele tem ponto no centro da cidade, vendedora, gente para receber o dinheiro dele e guardar, divulgação de seus produtos e ainda oferecemos cursos e oficinas, além de levarmos seus produtos para feiras e exposições. Assim, fica fácil para o artesão produzir. Eles participam apenas trazendo seus produtos e voltando para receber. Posso dizer que em quase lugar nenhum existe uma Casa do Artesão patrocinando o artesanato como a daqui faz.

6. O que é necessário para o artesanato de Porciúncula tornar-se mais requisitado?

Precisamos conseguir um apoio maior do Sebrae no envio de consultorias constantes. É preciso também que as pessoas se capacitem para montarem outras associações e desagarrarem do apadrinhamento da prefeitura.

Ana Cláudia Coimbra

A artesã Ana Cláudia Coimbra tem uma habilidade impressionante com as mãos. A facilidade com que transforma rolos e meadas de linha em peças de desejo de qualquer mulher é fascinante. Seus instrumentos são agulha e linha, mas o que diferencia o seu trabalho é a perfeição, a qualidade de suas peças.

Desde muito nova, suas mãos trabalham sem parar, fazendo desde sapatinhos de bebê a delicadas flores e frutas, passando por passarelas e panos de bandejas. Numa época em que encontra-se de tudo industrializado, o trabalho de Ana Cláudia destaca-se pela delicadeza e perfeição.

Ana Cláudia expõe e vende seus trabalhos na Casa do Artesão de Porciúncula.


Kit Caipirinha

Um produto com a cara do Brasil e o sabor das terras porciunculenses foi, por cerca de 3 anos, adquirido por turistas do mundo inteiro, através da rede francesa Club Méditerranée, que comprava o kit caipirinha para abastecer os hotéis da rede em Mangaratiba, Trancoso e Itaparica.

O kit caipirinha - composto de aguardente artesanal, pilão, soquete, mexedor e a receita da famosa bebida brasileira – viajou também para outras cidades e países, como, por exemplo, representante do Brasil em Milão – Itália, em 2002. O produto porciunculense foi desenvolvido pela Casa do Artesão de Porciúncula, favorece diversos artesãos locais, além de levar o nome da cidade para todo o mundo.